Dizem: “sorte
no jogo, azar no amor”.
Nós tínhamos um jogo de encontrar fuscas. Valia
apenas quando estávamos juntas. Quem visse um fusca ganhava 1 ponto. Mas tinha
um plus, o fusca preto (raro) valia
10 pontos. No final do jogo – que até hoje eu não sei quando termina –, quem
tivesse visto mais fuscas ganhava. Usei esse jogo para me reaproximar dela
quando estávamos longe – emocionalmente e fisicamente –, parece que funcionou.
Tentei dar um golpe nela perguntando se as partes de um fusca desmontado valiam
como 1 ponto.
— Assim não vale!
— Poxa! Essa era minha melhor jogada.
— Sua melhor jogada deveria
ser um fusca preto.
— Sem problemas, irei lembrar disso.
Então
minha busca por fuscas foi incansável. Cada fusca era uma foto, cada foto um
novo motivo para conversar com ela. Foram várias fotos e muitas risadas. Ela
até trapaceou, indo em uma exposição de carros antigos onde fotografou alguns.
Mas foi boazinha o suficiente para guardar as fotos e manter-se apenas à 1
ponto em minha frente. Mas eu queria mais... Andei a cidade inteira e no lugar
mais improvável eu encontrei o tal fusca preto.
— Mentira! Você só pode estar
trapaceando. Pegou as imagens na internet.
— Eu jamais faria isso com
você. Tirei a foto de vários ângulos pra te garantir que eu realmente
encontrei. E ainda por cima a placa tem minhas iniciais “M. A. T.”.
Era
de se esperar que o jogo terminaria ali. Afinal "São Paulo tem muito mais fuscas do que em uma cidade pequena do litoral, não era um jogo justo". E enfim ela decretou que o jogo só valeria quando estivéssemos juntas. Eu só queria rir muito disso do futuro.
Afinal, os fuscas da exposição não saíam do lugar, já eu tive que seguir vários fuscas pela cidade, tentando tirar uma foto boa para ela
considerar (mas confesso que os meus favoritos eram aqueles bem detonados).
Essa
não seria a primeira vez que eu ganhara dela. Na realidade, eu não costumo
ganhar de ninguém, não sou exatamente o que consideram como boa em jogos. Mas,
eu queria ganhá-la. Para mim, o prêmio era ela e valia tudo para tê-la. No nosso segundo
encontro ela praticamente me raptou sem me dizer onde iríamos. Me pediu apenas que
estivesse pronta às 19 horas, quando ela passaria para me buscar. No caminho ela disse:
— Você não vai nem me
perguntar onde iremos?
— (Na verdade, não. Quero que você me surpreenda). É mesmo! Para onde
iremos?
— É besteira demais se eu te
levar para jogar boliche?
— Lógico que não! Se você não
se importar de jogar com uma pessoa bem ruim... Fazem alguns anos que eu não
pratico. (Na verdade 2, eu estava completamente apavorada com a ideia de jogar boliche com ela e fazer feio).
Jogamos 2 partidas, ela ganhou uma e eu a outra. Por mais que eu
estivesse convencida de que ela me deixou ganhar a segunda, assim como tentei
convencê-la de que ela o fez, ela repetiu a noite inteira que havia perdido de
verdade. Talvez eu tenha me esforçado pouco para perder, mas eu ganhei mesmo foi no final da noite, quando ela me abraçou por trás e repousou seu rosto no meu cangote.
Nós
duas perdemos e ganhamos nos jogos. Nós duas tínhamos as mesmas probabilidades
de nos darmos bem (ou mal) no amor. Afinal, é "sorte no jogo e azar no amor", mas e quando fica meio a meio?
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