“Essa é a vida que eu
quis”
Essa foi a mensagem que ela escreveu em sua foto mais
recente, na viagem dos sonhos, sozinha, em um país vizinho.
Quando eu a conheci, naquela conversa básica de “quem sou
eu”, eu já sabia de tudo. Eu já sabia da viagem de fim de ano (cá entre nós
minha época favorita do ano), sabia da meta de viagens “uma-por-mês”, sabia dos
seus planos pro futuro: mochilão pela América do Sul por seis meses, mestrado
em outro país, somado também aos seis meses a mais que ela teria de faculdade
em relação à mim. Esses eram meus planos? Não. Eram meus planos conhecer alguém
com esses planos? ...
Eu não adotei os planos dela para mim, mas também não disse
“não te quero na minha vida”. Eu me vi diante de um mundo de possibilidades, de
frio na barrida, de borboletas no estomago, de saudade... Mas me vi
principalmente sem amarras. Sem aquela muleta de “preciso ver, tenho que
conciliar com as minhas aulas”, etc. Eu me vi diante de escolhas que só eu
poderia fazer. E como ela sempre disse pra mim “não quero deixar de viver
nada”, e eu só conseguia pensar “eu também não”. O que passava pela minha mente
era “que louco seria viver um romance assim?”. Porque eu não poderia mudar o
roteiro perfeitinho que sempre foi a minha vida? Que cá entre nós, nunca foi
perfeito.
“Deixa eu acompanhar
esse estilo de aventura de menina solta...”
O mais louco de tudo isso não foi o fato de eu surpreender
a mim mesma e achar tudo isso incrível, mas a nossa capacidade de achar que não
é justo com a outra, sendo que talvez as duas quisessem o mesmo. Eu queria ir
devagar (juro, queria sim!), ao mesmo tempo que eu queria me jogar de cabeça e
brincar de conhecer o mundo inteirinho, mas voltar pro abraço dela e contar
tudo o que ela não pôde ver do lado de cá. Assim como eu esperava que ela me
contasse tudinho que ela viveu do lado de lá, mas de um jeito engraçado que só
ela sabe, talvez tudo no idioma local de onde ela foi.
Quanta saudade cabe em 3 mil quilômetros? Quanta loucura um
aeroporto pode suportar? E as rodoviárias? O que dirão as locadoras de carros
né? Quantas histórias cabem em apenas uma fotografia? Quantas vezes é possível
amar a mesma pessoa sem que o coração entre em colapso? Quantas viagens
imaginárias mais precisarei fazer para encontrá-la novamente até que ela me inclua em seus planos e me convide pra viajar?
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